A cantora e atriz mexicana Paulina Goto lançou, no último dia 24 de janeiro, seu projeto mais pessoal e emocionante até agora: o álbum ao vivo “Natural” . Gravado em um concerto íntimo na Cidade do México, o trabalho marca uma nova fase na carreira da artista, que decidiu abrir mão de filtros e estúdios para mostrar-se com total autenticidade.
“É um reencontro comigo mesma. Um grito de liberdade. Um retorno à minha essência”, declarou Paulina em entrevista à Marie Claire México.
O show foi registrado com plateia ao vivo e participação apenas de mulheres na banda, como forma de fortalecer um espaço seguro e representativo dentro da indústria musical, que ainda é majoritariamente masculina.
Além do álbum, Paulina lançou um documentário nos cinemas, com cenas dos bastidores, depoimentos, memórias de infância e reflexões sobre saúde mental, feminilidade e luto. O filme foi exibido por tempo limitado na rede Cinemex, entre os dias 23 e 29 de janeiro.
Um repertório que reconstrói sua história
“Natural” reúne 14 faixas (entre músicas, interlúdios e colaborações), e cada canção carrega um pedaço da vida da artista — da infância em Tampico até os dias atuais. O álbum também revisita momentos de sua juventude, carreira musical anterior e experiências pessoais marcantes, como a perda do pai e a reconexão com o amor.
Confira a tracklist completa e os destaques de cada faixa:
Faixa a faixa
1. alas/corazonada
Abertura sensível. Um convite para escutar a intuição e abrir as asas para uma nova etapa emocional.
2. el barco
Comovente homenagem à mãe. A letra reflete a partida de Paulina de sua cidade natal e os sentimentos que vieram com a doença do pai, quando ela tinha apenas 17 anos.
3. a mis xv / wonderland
Nostalgia pura. Paulina resgata a canção “Wonderland”, hit do grupo Eme 15, do qual fez parte entre 2011 e 2013. A nova versão emociona fãs antigos ao unir o passado com sua maturidade atual.
4. enamorxmiento (intro)
Pequeno interlúdio que transita entre inocência e entrega. Um prelúdio sutil para a afirmação do amor em suas várias formas.
5. creo en tu amor
Canção solar e esperançosa, que reafirma a crença no amor como força transformadora mesmo após traumas e decepções.
6. de viaje
Vibrante, dançante e com conexão direta com o Brasil. Paulina canta: “bailamos en Brasil”, mencionando explicitamente o país e homenageando os fãs brasileiros que a acompanham desde a fase Eme 15.
7. el fin del sueño (intro)
Transição melancólica e introspectiva, preparando o ouvinte para a sequência mais profunda do álbum.
8. quién?
Canção com letras mais existenciais e densas. Regravação de um lançamento anterior, agora com nova carga emocional e arranjo ao vivo intimista.
9. vete al diablo (feat. Rafael Loar)
Parceria poderosa com Rafael Loar, em uma nova versão do single lançado por Paulina em 2010. Um reencontro com sua voz de juventude, agora mais madura e intensa.
10. rompe (feat. El Palomar)
Outro momento forte do álbum. A faixa, já conhecida em versão estúdio, retorna ao palco em dueto com o grupo El Palomar, transformando-se em um hino de libertação feminina com ainda mais potência.
11. te voy a extrañar
Balada sobre perda e saudade, já lançada anteriormente, agora reinterpretada ao vivo. Paulina se emociona visivelmente ao cantá-la, em memória de seu pai.
12. me tengo a mí (intro)
Declaração curta e poderosa de força interior: “me tengo a mí” — reforçando a ideia de autocuidado e independência.
13. cerrajero
Música inédita e delicada, que aborda entrega emocional, confiança e o ato de abrir o coração para o amor verdadeiro. A própria artista revelou em entrevistas que escreveu a faixa inspirada em seu relacionamento com o atual esposo.
14. natural
Faixa-título e manifesto de liberdade. “Hoy quiero volver a hacer castillos en el mar” sintetiza o desejo de brincar com a vida novamente, sem medo de errar, sem pressa, sendo simplesmente… natural.
O documentário: bastidores, lágrimas e cura
O álbum é acompanhado por um documentário íntimo, com cenas gravadas desde a infância da artista em Tampico, vídeos pessoais, gravações do show e depoimentos sinceros sobre depressão, autocuidado, feminilidade e amadurecimento.
Paulina atuou como roteirista, diretora e produtora do filme, reforçando o controle criativo e pessoal sobre o projeto. Para ela, “Natural” não é só um álbum — é um ritual de cura.
Uma obra viva, emocional e verdadeira
“Natural” não busca a perfeição técnica. Ao contrário, sua força está justamente na entrega crua, ao vivo e emocional. As vozes tremem, as lágrimas aparecem — e é isso que torna o álbum tão especial.
Ao unir composições inéditas, reinterpretações e homenagens à própria trajetória, Paulina Goto entrega um projeto profundo, real, feminista e necessário.
